Do brincar à representação teatral: o corpo e o gesto nas aulas de Expressão Corporal da Unidade Madalena

Por Lilian Leme,
Assistente de Coordenação de G1 ao G4 da Educação Infantil. 

Nesses tempos de aulas que variam entre presenciais, remotas e híbridas, o jogo de cintura dos professores e de toda a equipe pedagógica torna-se mais evidente. O Colégio Oswald tem enfrentado, com força e entusiasmo, o grande desafio de criar encontros adaptados para plataformas virtuais. 

Na Unidade Madalena, os professores de referência já estão acompanhando as crianças de forma presencial diariamente e os professores especialistas estão acompanhando quinzenalmente parte dos grupos de perto, ou seja, presencialmente, e outra parte à distância, por vídeos gravados e encontros síncronos.

Seja presencialmente, seja de forma remota, as professoras Janaína e Michelle, nas aulas de Expressão Corporal, valorizam a exploração do corpo pela brincadeira. Elas apoiam as crianças em suas pesquisas e experimentações dos próprios movimentos, impulsionando e incentivando interações e brincadeiras com e pelo corpo, e também entre os pares. 

Cantorias e sons variados, que são criados com instrumentos, materiais ou o próprio corpo, bem como músicas e sons que se podem ouvir de modo digital se fazem presentes nas aulas, surgindo para o refinamento da pesquisa da exploração corporal e para o aprimoramento dos gestos, marcando, por exemplo, o tempo, a velocidade, o ritmo. Uma música do gênero Cacuriá, em uma das aulas da professora Michelle, sustenta os movimentos que são criados em um caminhar, onde os pés estão em foco, depois de terem sido massageados pelas mãos com a ajuda de um hidratante. Já o  pandeiro, em uma das aulas da professora Jana, dá o tom de uma aventura fantástica, em que o pé vai apoiando o chão enquanto a criança se desloca de modos diferentes, conforme as emoções do que se imagina encontrar pelo caminho. 

A dança em si também é foco nas propostas e chega até as crianças de forma lúdica. Uma variedade de ritmos, principalmente populares, como Cirandas, Frevo, Coco, Maracatu e Bumba meu boi vão surgindo ao longo do percurso das crianças na Unidade Madalena, perpassando as propostas. Neste trabalho com as músicas e danças afro-brasileiras, africanas e indígenas, temos também a intenção de fortalecer as propostas relacionadas à educação étnico-racial, que, embora já faça parte do currículo, ganha, dessa forma, ainda mais espaço. As crianças, então, se deparam com comportamentos e costumes variados, mais conhecidos por elas ou bastante diferentes, podendo valorizar diferentes culturas.

Assim, nas aulas de Expressão Corporal, imitando alguns gestos das professoras, as crianças vão descobrindo movimentos que conhecem ou que são novos, alguns que possuem facilidade em executar e outros que têm mais dificuldade. Essa descoberta também acontece enquanto elas imitam umas às outras ou criam movimentos. Progressivamente, vão tomando maior consciência de quais movimentos são os de sua preferência, quais são mais adequados para serem usados em suas expressões, brincadeiras e comunicação.

Com isso, uma criança tem a oportunidade de “virar” o que deseja e fazer os outros acreditarem que ela é o personagem que imaginou ou criou, potencializando as suas representações e o seu faz de conta. Ao mesmo tempo, gradualmente, por meio de estratégias e das temáticas que as professoras trazem, vão compreendendo que há diferenças entre o faz de conta e as criações cênicas. O Teatro vai surgindo, assim, com seus elementos: representação, gesto, palco, plateia, cenário, figurinos, sonoplastia, improviso etc. As crianças brincam e dramatizam, construindo roteiros cênicos com a mediação das professoras.

O corpo da criança vai ganhando, por suas vivências, pelos novos saberes experienciados nas propostas, possibilidades gestuais infinitas. O corpo ganha, inclusive, nova vida. As professoras fortalecem essa ideia: uma mão não serve apenas para pegar um copo, um garfo, misturar ingredientes de uma receita. Ela também é cobra que se move e se mexe participando de uma história. Quer ver como isso acontece? ― é o que a professora Jana mostra às crianças quando começa a transformar sua mão e braço em cobra, enquanto veste uma luva, pinta a mão fazendo surgir olhos e, em seguida, move-a como a própria cobra, dando-lhe também voz. E por que não transformar as mãos em um jacaré? Você pode! ― é a mensagem da professora Michelle para as crianças ao juntar as duas mãos e movimentá-las unindo os dedos, formando um bocão cheio de dentes. Corram agora porque os jacarés podem te comer! 

Criando uma cobra ou um jacaré, o que se espera é que as crianças tenham oportunidade de brincar e de se expressar pelo corpo, ora mais próximas dos colegas, ora experimentando gestos individualmente, e que possam se engajar nas propostas descobrindo o teatro como forma de expressão, ampliando seus movimentos corporais de forma lúdica. 

 

Que tal dar uma espiada no vídeo abaixo, com pequenas pílulas do que já foi visto pelas crianças?

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