Dicas culturais: Histórias de Circo e de Literatura

Conheça nossas dicas de grupos e livros voltados para a infância que prestam homenagens ao circo e às suas múltiplas linguagens artísticas e culturais.

Na foto, silhueta de menina que se pendura em um bambolê em performance circense.

Apresentação de encerramento da 3ªsérie do Ensino Médio de 2023. Fotografia por Jéssica Amaral.

No dia 27 de março é comemorado o Dia do Circo. A data remete ao nascimento de Abelardo Pinto (1886-1973), o palhaço Piolin (“barbante fino”, em espanhol, e apelido dado a Abelardo por um trabalhador de circo de origem espanhola, por conta de suas pernas finas), um ícone da arte brasileira. 

Uma das veredas da história de Piolin cruza com a história dos intelectuais modernistas paulistanos. Em meados da década de 1920, Piolin atuava no Circo Alcebíades, no Largo Paissandu, centro da cidade de São Paulo. Assistindo aos espetáculos circenses, Oswald de Andrade e Mário de Andrade enxergaram (especialmente na figura do palhaço Piolin, com suas pantomimas) a força da cultura popular brasileira a ser reafirmada nas propostas estéticas dos primeiros modernistas.

Em 1929, justamente no dia de aniversário de Piolin, foi organizado um almoço em homenagem ao palhaço no restaurante da Casa Mappin, um dos mais elegantes da época. A provocação entre os convidados (dentre os quais estavam Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Raul Bopp, Guilherme de Almeida e Menotti Del Picchia), ligada ao Manifesto Antropofágico, publicado em 1928, era a de que, naquele banquete, o palhaço seria simbolicamente devorado “na qualidade de uma das mais legítimas expressões das artes cênicas brasileiras”, como relatava a crônica publicada no Correio Paulistano sobre o evento, intitulada “Piolin comido e comidas para Piolin”.  

Compartilhamos a seguir algumas instituições, grupos e livros voltados para a infância que prestam homenagens ao circo e às suas múltiplas linguagens artísticas e culturais.  

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Centro de Memória do Circo 

O  Centro de Memória do Circo ou Museu do Palhaço é um centro de memória que contém o acervo e diversas histórias das tradições circenses no Brasil. Localizado dentro do centro cultural Galeria Olido, a ideia da criação foi com base na doação do acervo do Circo Garcia, que viajou pelo Brasil entre 1928 a 2003; do Circo Nerino, que viajou pelo Brasil entre 1913 a 1964; e da coleção de Verônica Tamaoki, graduada em artes circenses em 1982 pela Academia Piolin de Artes Circenses e fundadora/coordenadora do Centro de Memória do Circo. 

O espaço é mantido pela prefeitura e vinculado ao Departamento do Patrimônio Histórico, da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Localizado no Largo do Paiçandu, área do distrito da República no Centro de São Paulo, o Centro de Memória do Circo foi inaugurado em 16 de novembro de 2009, com intuito de preservar e divulgar a história do circo no Brasil. 

O  Largo do Paiçandu está profundamente ligado ao Circo, pois muitos “Circos de Cavalinhos” – circos que tinham cavalos como atração principal – se apresentaram ali. Lá também encontrava-se o Café dos Artistas, ponto de encontro dos artistas circenses ao lado da Galeria Olido. Além disso, o Largo do Paiçandu foi palco de apresentações por longas temporadas do palhaço Piolin, consagrado e reconhecido palhaço da década de 1920. 

Em 2008, Verônica Tamaoki –  equilibrista, malabarista, fundadora do Grupo Tapete Mágico e da Escola Picolino de Artes do Circo, em Salvador –, foi convidada por Carlos A. Calil, Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, para a criação e inserção do Centro de Memória do Circo, primeiro centro exclusivamente dedicado à memória do circo. Tamaoki doou seu acervo pessoal e todo o acervo do Circo Garcia dado para ela. Em 1986, fez uma pesquisa em que percorreu e investigou todos os lugares onde o circo nacional havia passado. Em 2000, publicou o livro Fantasma do Circo. Em 2004, publicou o livro Circo Nerino, cujo coautor é o filho do fundador de tal circo, Roger Avanzi, conhecido como Palhaço Picolino. 

O Centro de Memória do Circo conta com um acervo digital, no qual também é possível encontrar a programação do espaço. Todas as informações estão disponíveis aqui

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Livros

O circo de Berta e Pedro, de Antonio Ventura e Chiara Carrer (Livros da Matriz)

Berta tem cinco anos, Pedro tem sete; são irmãos. Um dia, tio Maurício os leva para ver o circo – que espetáculo! Os palhaços, o domador, os leões no aro de fogo, os trapezistas, as amazonas, o mágico! Voltando para casa, os irmãos decidem montar seu próprio espetáculo – com a ajuda do cão Benito e do hamster Escova –, e chamar os amigos para assistir. Ventura e Carrer exploram o jogo de faz de conta de maneira despretensiosa e divertida, enquanto ilustração e texto compactuam no desenho da relação cotidiana de dois irmãos. Uma homenagem ao circo e a todas as representações artísticas que giram no picadeiro.

Inacreditável história de amor do Cão Chicão, de Carll Cneut (Cosac Naify)

Quando criança, o belga Carll Cneut, ilustrador renomado na Europa, sonhava em trabalhar no circo. Assim surgiu a ideia deste livro, o primeiro escrito pelo artista. Ao lado de ursos que andam sobre bolas, patos malabaristas e macacas trapezistas, Chicão é uma das estrelas do circo. Sua habilidade é andar na corda bamba. Porém, mesmo rodeado de amigos, o cão não se sente feliz e, com sua maleta em forma de osso e seu chapéu-coco, sai à procura de novos animais. Ele encontra, inicialmente, a andorinha Penélope, uma criatura livre para voar…

O livro físico está indisponível atualmente, mas há vários artistas contando a história em ótimos vídeos, como este.

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Companhias circenses 

Cia. LaMala

A Cia. LaMala, formada por Carlos Cosmai e Marina Bombachini, tem como base para o seu trabalho a pesquisa das técnicas circenses e do teatro físico. Confira o trabalho do grupo aqui

Circo Teatro Palombar

De acordo com seus próprios integrantes, “O grupo toma a linguagem do circo com respeito aos mestres que trazem essa arte por gerações nas lonas, tendo como base o estudo do circo, do teatro e da música. A partir daí surge uma maneira própria de fazer circo contemporâneo no Brasil. Hoje, o grupo tem um repertório de seis espetáculos e vem consolidando características próprias de produção no atual contexto do circo, sendo a 1ª companhia de circo da Zona Leste de São Paulo a realizar uma viagem internacional. São 10 integrantes que mantêm um processo cooperativo e contínuo de pesquisa e criação. Tendo a arte como projeto de vida, desenvolvem um trabalho de formação de crianças e jovens a partir dos conceitos do Circo Social. Desde sua origem em 2012, os integrantes do grupo Circo Teatro Palombar vêm contribuindo com a formação de crianças e jovens através de aulas de circo gratuitas no bairro de Cidade Tiradentes. Viva o Circo!”. Confira o trabalho do grupo aqui

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