“Eu sinto o cheiro de pólvora, mas prefiro o cheiro das rosas”: KL Jay e DJ Will debatem a força poética e antirracista do RAP no Colégio Oswald

Em junho, recebemos o integrante do Racionais MC’s e o DJ Will – que já produziu Emicida e Rincon Sapiência – para o evento sobre “O poder da música no combate ao racismo”, provocando reflexões em crianças, jovens e adultos.

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Na imagem, Nana Giovedi (mulher branca de cabelos loiros), Rinaldo Voltolini (homem branco de cabelos grisalhos) e Laura Nassar (mulher branca de cabelos pretos) discutem a minissérie 'Adolescência'.(Divulgação/Jéssica Amaral).

Em junho, o Programa Origens e o Oswald Formações promoveram o Diálogos Oswaldianos “O poder da música no combate ao racismo”, que contou com a visita dos DJs e produtores musicais, KL Jay DJ (Racionais MC’s) e DJ Will. No encontro, foi discutido como a música especialmente o RAP pode ser um mecanismo tanto de combate ao racismo como de resistência da cultura afro-diaspórica. As falas, no entanto, não limitaram o RAP ao papel de arte-protesto, ressaltando a riqueza e complexidade desta forma artística Por meio de relatos pessoais marcados por críticas sociais, os convidados apresentaram o RAP como instrumento de resistência, identidade e transformação, refletindo sobre a realidade da juventude negra no Brasil. A conversa foi bastante dinâmica, envolvendo e sensibilizando a todos os participantes (crianças, jovens e adultos), que trouxeram questionamentos pertinentes ao debate, como: a marginalização e o impacto do RAP, apropriação cultural, a importância dos estudos musicais e o “direito à leveza” promovido nas letras desses gêneros.  KL Jay iniciou a conversa citando o rapper norte-americano KRS-One, que afirmou: “O rap é a voz do povo negro”. A frase ecoou no diálogo e guiou a reflexão sobre o papel do RAP como porta-voz das periferias ao denunciar injustiças e narrar vivências silenciadas, abrindo caminhos de consciência. O DJ citou a música “The Message” – de Grandmaster Flash e The Furious Five, uma das pioneiras do gênero a fazer críticas sociais – que inspirou grupos brasileiros como o Racionais MC’s, que a partir da década de 1990 passaram a traduzir a dura realidade da juventude negra nas periferias.
Onde tem hip hop, tem liberdade de expressão. O RAP nos permitiu gostar da gente mesmo” – KL Jay 
No decorrer da conversa, KL Jay resgatou os desafios de produzir RAP nos anos 1980, quando quase nenhum estúdio abria as portas para esse gênero musical, principalmente pelo fato de que boa parte dos donos das gravadoras eram brancos. Assim, ultrapassar esses impasses e quebrar essa lógica demandou um processo profundo de reconstrução subjetiva.    Por este motivo, para KL Jay, a independência foi o que impulsionou os Racionais a criarem a própria gravadora, a Cosa Nostra Fonográfica, que produziu discos como “Sobrevivendo no Inferno” e “Nada como um Dia Após o Outro Dia”. Inspirados por nomes como Eazy-E, Jay-Z e GOG, os artistas passaram a controlar sua produção, sua estética e sua mensagem. “Não é só ter gravadora. É ter restaurante, escola, casa. É ser dono, não inquilino. Essa é a saída para o racismo: autonomia”, completou KL Jay.   Neste sentido, DJ Will abordou os impactos que o racismo estrutural tem até hoje na indústria cultural, destacando que muitos artistas negros ainda não têm autonomia e liberdade suficiente: “O grande poder do racismo é fazer o negro aceitar a migalha, virar escravo do próprio talento”, afirmou. Segundo o DJ, para combater é necessário criar estruturas próprias, valorizar a independência e construir autonomia nos bastidores da arte.    Além disso, KL Jay pontuou que o racismo é mais do que preconceito cotidiano: é uma estrutura de poder, que ensina, desde a infância, que pessoas negras devem submissão e subjugação às pessoas brancas. O DJ destacou, por exemplo, que os maiores desafios enfrentados por ele não foram financeiros ou técnicos, mas psicológicos: “A gente nasce se sentindo menor. O mais difícil foi isso: encarar, acreditar, ter autoestima. Levei anos pra gostar de mim mesmo”, compartilhou. Para ele, o RAP foi o caminho para reerguer a “casa velha desabando” que é o racismo introjetado, possibilitando a construção de uma identidade étnico-racial e cultural mais consciente.    Portanto, como DJ Will reforçou, o Hip-Hop é ferramenta transformadora e educativa, que permite ao povo negro reconhecer sua própria força e expressão diante de uma estrutura opressora. Para ele, o Hip-Hop funciona como uma escola viva, que ensina sobre autoestima, ancestralidade, sonhos e possibilidades.    Assim, a conversa foi atravessada pela certeza compartilhada de que o racismo não é uma questão individual, mas uma engrenagem social que afeta a todos, inclusive aqueles que não o percebem. E é por isso que o Hip-Hop, com sua estética, sua força e sua ancestralidade, continua sendo a arma número um no combate ao racismo, deixando claro que a arte, quando enraizada, na verdade e na vivência, é capaz de desestabilizar estruturas, criar pertencimento e abrir caminhos de cura e transformação. Como disse KL Jay: “Eu sinto o cheiro de pólvora, mas prefiro o cheiro das rosas”. No Colégio Oswald, essa escolha por florescer em meio à luta foi, mais uma vez, reafirmada com força e poesia.   Confira a palestra na íntegra:
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