Encontros do CAJU promovem rodas de conversa com estudantes

Sabemos que o período de entrada na adolescência é repleto de conflitos e dúvidas, principalmente nas comunicações entre os jovens. Por isso, nós contamos com a ajuda do grupo de psicanalistas especializadas em adolescência do CAJU (Coletivo de Psicanálise, Adolescência e Juventude), que realizaram uma série de encontros com alunos de 7º, 8º e 9º ano, do Ensino Fundamental II.

Na ocasião, nossos alunos tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e entender um pouco mais sobre as mudanças que a adolescência promove no corpo e na mente. “A partir da conversa com as coordenações do colégio foram identificadas questões relevantes a serem trabalhadas com cada série. Com as turmas do 7º e do 9º ano, realizamos uma roda de conversa com grupos de até 15 alunos, com o tema: sexualidade, corpo e coisas de gênero. Já para o 8º ano, elaboramos um material sobre a adolescência a partir das inquietações trazidas pelos alunos e identificadas pela orientadora educacional, com um debate de ideias sobre o que significa ser adolescente hoje”, explica a psicóloga especialista em adolescência, Ariane Montoro, uma das integrantes do CAJU.

                                                                                

Encontros do CAJU no Oswald

Por entender a importância de buscar novas práticas educacionais, que permitem o diálogo aberto, com o cuidado e a atenção que os estudantes merecem, respeitando seus interesses, abrimos as portas do Oswald para mais um projeto que agradou muito os estudantes.

“Achei muito válido porque a gente conseguiu falar de uns assuntos que a gente não costuma falar no cotidiano. E a gente conseguiu se abrir, discutir coisas bem pessoais, e foi muito legal participar disso”, garante a aluna do 9º ano, Calú Araripe Freitas, de 13 anos.

Para ela, o tema mais impactante do encontro envolveu a questão das fases de transição. “Eu acho que a gente tem muito medo dessas mudanças e, por isso, achei muito importante ter abertura para conversar sobre o assunto”, completa Calú.  

Segundo o estudante do 8º ano, Tom Altman, de 13 anos, os encontros foram disruptivos e abordaram, de forma muito pontual, as angústias de sua geração. “Foi muito bom a gente poder entender esse momento de transição, porque tudo o que foi discutido, eu senti, e isso me fez refletir sobre o que eu era, o que eu sou e do que eu serei no futuro.”Tom completou ainda: “hoje eu posso dizer que não me preocupo tanto em ser pré-adolescente ou não, por causa da minha idade, na verdade, continuo sendo eu mesmo”.

Já para aluna do 8º ano, Rita Morelli, de 13 anos, os encontros do CAJU fizeram com que ela começasse a ver a pré-adolescência como uma coisa normal. “Hoje, eu percebo que a maturidade vem de forma diferente para cada um e, não é a idade que define a maturidade das pessoas, acho que o importante é respeitar nosso tempo e o tempo do outro, sabendo lidar com cada fase, da infância à vida adulta, sem querer amadurecer de forma antecipada”, completa Rita.

Psicanálise no colégio

Segundo a psicóloga Ariane Montoro, é fundamental que os alunos se sintam acolhidos e que tenham suas opiniões respeitadas. Por isso, os encontros discutem temas que são relevantes para cada fase da vida, para que eles entendam a importância de estarem conscientes de suas escolhas.

“As rodas de conversa são um dispositivo conhecido na área de educação e nos serviços de saúde do Humaniza SUS. Mas também são uma prática ancestral, usada para discutir questões e organizações de membros de uma tribo, fortalecendo a troca de informações e também o vínculo entre seus membros, à medida em que se cria espaço de confiança para narrativas de ordem pessoal”, explica Ariane.

Para a estudante do 8º ano, Bia Polak, os encontros a fizeram ter uma visão mais clara das coisas. “O momento de transição, que estamos passando, é complicado e os encontros fizeram a gente perceber que já temos algumas responsabilidades, com as quais não estávamos sabendo lidar”, conta a aluna.

Bia disse ainda que se sentiu representada também por outros temas levantados, como a questão de padrões de beleza, tão evidentes na adolescência. “Acho que é muito importante que as pessoas que forem participar dos encontros, nos próximos anos, tentem aproveitar ao máximo as discussões, porque vale a pena compartilhar suas angústias e tentar entender a dor do outro”, completa.

De acordo com a jornalista e psicanalista Déborah Souza, que integra o CAJU, vale ressaltar os recursos utilizados de acordo com as faixas etárias. “Para as turmas de 8º ano, preparamos uma apresentação e um vídeo, e esses recursos, além de trazer conteúdo informativo e histórico sobre o que é a adolescência, estimularam o grupo a falar como é a adolescência para cada um, e eles fizeram a discussão acontecer. Mesmo aqueles que não falaram muito pareciam estar interessados na conversa”, explica a especialista.

Ela destacou ainda que as turmas do 9ª ano contaram com a caixa de palavras. “Convidamos os estudantes a escreverem, de forma anônima, palavras ou frases relacionadas ao tema da conversa e depois líamos juntos esses pensamentos. O resultado nos comoveu muito e ‘co-moveu’ o grupo também, aquecendo a conversa. Para nós, psicanalistas, fazer a palavra circular livremente, num ambiente de confiança, é um processo restaurador, de alta voltagem expressiva, que afeta a todos os que estão presentes”, concluiu Déborah.

Por conta do sucesso da atividade, as caixas de palavras do CAJU irão permanecer na escola, a pedido dos estudantes, que pretendem promover outras rodas de conversas entre a comunidade Oswaldiana.

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