Tempos de retomada: o novo ano letivo e o resgate da convivência e de conexões – dentro e fora da escola
Por Carolina Aranha, Coordenadora Pedagógica de G5 da Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental do Oswald.
Passamos, nos dois últimos anos, por um período em que muito do que nos é caro ficou em suspenso, nas mais diversas esferas da vida. As escolas, assim como tantas outras instituições, precisaram se reinventar e enfrentaram grandes desafios na tarefa de adequar-se às restrições necessárias para a contenção do avanço da pandemia, ao mesmo tempo em que sustentavam seu papel na formação de seus estudantes. Muito foi discutido sobre as implicações e efeitos – a curto, médio e longo prazo – do que tem sido vivido, tanto do ponto de vista pedagógico quanto no que diz respeito à experiência de coletividade que a escola proporciona. Neste início de ano, todavia, temos podido expandir nossas possibilidades de interação com a comunidade escolar, retomada aguardada e de enorme importância.
Na semana que marcou os dois anos do primeiro fechamento das escolas, inauguramos os eventos presenciais de 2022 com a Manhã de Integração das turmas de 1º ano, uma oportunidade de encontro entre estudantes, famílias e educadores do Colégio Oswald de Andrade. Não temos dúvida de que a experiência escolar não se resume ao que é vivido na sala de aula e dentro do período letivo e, por isso, não é à toa que falamos em “comunidade escolar” quando nos referimos aos diversos interlocutores envolvidos na atribuição de sentido ao que os pequenos vivem ao longo da escolaridade.
O ingresso no Ensino Fundamental, além de trazer novos desafios pedagógicos, traz também novas oportunidades de socialização. Recebemos, nessa série, diversos alunos e alunas vindos de outras escolas e agrupamentos inéditos se formam. O trabalho com a formação de grupo é um importante investimento no planejamento das atividades de início de ano e da rotina escolar. Da mesma forma, buscamos promover momentos para que as famílias possam se aproximar da cultura da escola e interagir entre si. O intuito é que se fortaleçam vínculos de confiança e parceria que favoreçam o acolhimento e as aprendizagens nos diversos campos.
Algumas semanas depois, foi a vez dos estudantes do Grupo 5 da Educação Infantil viverem junto às suas famílias atividades planejadas pelos educadores que os acompanham, no Sábado de Oficinas, evento compartilhado com as turmas de Grupo 3 e Grupo 4, também da Educação Infantil.
Em ambas as ocasiões, transpareceu a alegria das crianças em mostrar aos seus responsáveis um tanto daquilo que vivem e em apresentar-lhes os espaços que ocupam diariamente, palco de tantas descobertas. Rostinhos orgulhosos em poder guiar os adultos por lugares nos quais se sentem pertencentes, corpos animados para compartilhar brincadeiras. Tivemos propostas de Música, Expressão Corporal, contação de histórias em português e inglês, assim como atividades de ateliê. Sem contar a possibilidade de experimentar, sob o olhar de entes queridos, os brinquedos favoritos e demonstrar suas conquistas – da travessia do trepa-trepa à escalada na goiabeira. Aproximações que ilustram as narrativas que transitam entre casa e escola.
Tão importante quanto a ocupação dos espaços da escola é o movimento de expansão para além dela. Nas últimas semanas, também retomamos as saídas pedagógicas, atividades ligadas aos projetos desenvolvidos pelas turmas. Os estreantes foram, novamente, os estudantes do 1º ano, que visitaram a Praça das Corujas, próxima à escola. Lá, puderam explorar a horta local, levantando hipóteses e questões sobre esse projeto comunitário e sobre o plantio de hortaliças, que serviram para aquecer as discussões e pesquisas realizadas na preparação para o cuidado com a horta da escola. Além disso, ficou garantido o tempo para brincar no parque local. Experiências importantes na construção de reflexões sobre a ocupação do espaço público e o cuidado com o que é coletivo.
Mais saídas e eventos estão “no forno”. Seguimos planejando um ano letivo de resgates. Apostamos em olhares e corpos que se reconhecem, em laços que se fortalecem e em uma escola cada vez mais viva, ocupada e conectada com o seu entorno.