Diálogos Oswaldianos: A Cor do Inconsciente

Em agosto ocorreu a terceira edição do Diálogos Oswaldianos, em que a escritora e psicanalista Isildinha Baptista, partindo de seu livro indicado ao Prêmio Jabuti, “A Cor do Inconsciente”, discutiu sobre as bases históricas, culturais e psicológicas do racismo.

Da esquerda para a direita: Sheilla André , coordenadora pedagógica do Oswald; Nana Giovedi, diretora do Oswald Formações; Isildinha Baptista, psicanalista autora de "A Cor do Inconsciente". (Fotografia por: Jéssica Amaral).

O racismo não será vencido pelos negros, o racismo será vencido por brancos e negros. Se essa luta for só dos negros, ela não tem ganho. Se essa luta for só dos brancos, também não tem ganho”.
– Isildinha Baptista

No dia 20 de agosto, recebemos Isildinha Baptista Nogueira, que é Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP e Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP. A conversa foi em torno do seu livro “A Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro”, publicado pela editora Perspectiva e indicado em 2022 ao Prêmio Jabuti, em que aborda o sofrimento psicológico ocasionado pelo racismo. 

O Colégio Oswald de Andrade tem sido um espaço formativo que contribui para o desenvolvimento de cada indivíduo e que promove a construção de uma sociedade crítica e engajada. Então, os eventos chamados de Diálogos Oswaldianos são um convite aberto para o público-geral (de dentro e fora da nossa comunidade) discutir e refletir sobre temáticas importantes, sensíveis e variadas acerca da Educação e do desenvolvimento de crianças e jovens. Neste sentido, acreditamos que, em um país que viveu por 388 anos um regime escravocrata, é necessário pensar sobre as raízes do racismo e entender como ele opera, ainda hoje, nos comportamentos de todos nós.

Portanto, promovemos este encontro como uma oportunidade para refletirmos, coletivamente, sobre: racismo, antirracismo e as possibilidades para praticar uma educação antirracista. O evento abordou a maneira como o racismo se originou com o sequestro, físico e humanitário, do povo africano, levando brancos, negros, pardos, amarelos e indígenas da comunidade oswaldiana a realizarem importantes reflexões coletivas.

Leia mais: Diálogos Oswaldianos: Infâncias e Gêneros

Herança Colonial

Segundo Silvio de Almeida, vivemos numa sociedade estruturalmente racista. Baptista foi bastante realista ao trazer o fato de que por consequência dos quase 400 anos de escravatura no Brasil, o racismo não é uma questão que será resolvida em poucos meses, principalmente levando em consideração que as questões de raça e classe estão intimamente ligadas.

A psicóloga contextualizou que, quando os africanos escravizados vieram para as Américas, houve um sequestro físico, mas que também foi cultural e psicológico. Para além do trabalho forçado, a privação de direitos no período colonial – como a constituição de família, certidão de nascimento, casamento, conhecimento de suas origens étnicas e geográficas etc. – não tirou apenas a cidadania, como também a humanidade de pessoas negras. Dessa forma, a cultura, os fenótipos, as religiões e manifestações culturais de origem africana foram (e ainda são) colocadas em posição de desvalorização.

Por este motivo, para Isildinha, o racismo opera no inconsciente de todos nós, levando a associações de que o negro é feio, sujo, imoral etc. E, como consequência, além das violências racistas mais explícitas, como xingar de macaco, as pessoas negras almejam a brancura para que assim tenham direito à cidadania.

A instauração do racismo na infância

Enquanto psicanalista, Baptista explicou que há uma fase do desenvolvimento infantil, entre os três e os seis anos da criança, baseada no que Freud chamava de “investimento narcísico”. Neste momento, a família se volta à criança, depositando suas esperanças e emprestando sua autoestima, seu narcisismo, que é essencial para um desenvolvimento saudável de “ego” nas crianças. Em sequência, por volta dos sete anos de idade, ela passa a perceber a constituição do mundo ao seu redor, que a antecede, que é o chamado processo civilizatório, responsável para que o sujeito consiga assimilar regras e leis, vinculado à figura paterna.

No entanto, Isildinha ressalta que, ao contrário do que se era pensado, esse processo não é universal, no sentido de que nem todas as famílias se formulam da mesma forma, uma vez que Freud se baseava em famílias burguesas, de uma sociedade eurocêntrica. Como consequência do período escravocrata, a maioria das famílias negras são matriarcados, já que a paternidade era um direito e uma responsabilidade negada aos homens negros por séculos. Portanto, em diversas famílias negras, o processo civilizatório se dá de maneira diferente, em que as mulheres negras acabam exercendo este papel. Por estes motivos, as crianças negras crescem com o constante medo de agressões físicas, simbólicas e psicológicas, sem que haja uma autoestima para se alicerçar. Ainda mais se levarmos em conta que, em busca do lugar de humanidade e cidadania, muitas pessoas negras acabam sendo embranquecidas desde a infância. E estes atravessamentos levam a traumas na psique de pessoas negras. Por este motivo, a psicóloga pontua que é necessário que reconheçamos as maneiras que o racismo opera em nós, para que o combatamos:


“O racismo existe e os operadores somos nós. Precisamos tomar ciência disso para mudarmos.”

– Isildinha Baptista

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